Asfixia por monóxido de carbono: achados necroscópicos em um caso de suicídio e considerações médico legais.


Abstract

O monóxido de carbono (CO) é um gás geralmente formado pela combustão incompleta de hidrocarbonetos. Sua reação com a hemoblogina (Hb) forma carboxihemoglobina (COHb), dificultando o transporte e a utilização de O2 pelos tecidos. O suicídio com seu uso é raro no Brasil. O trabalho em tela é um relato de caso de suicídio por CO com foco nos achados necroscópicos. Tratava-se de indivíduo masculino, 21 anos, encontrado morto no banheiro de sua residência. No interior deste banheiro havia um vaso com carvão vegetal, contendo fuligens e chamuscamento em seu interior e havia indícios de que a janela e a porta haviam sido lacradas por dentro com fita adesiva. O cadáver apresentava rigor cadavérico intenso, bem como áreas extensas de hipóstases de coloração vermelho cereja. Também foram observadas coloração intensamente avermelhada nos pulmões, no fígado e no sangue, bem como petéquias subpleurais. O resultado da pesquisa de COHb foi de 80%. Considerando os achados necroscópicos compatíveis e a alta concentração sérica de COHb, a causa médica da morte foi estabelecida como asfixia por CO. Embasando-se em todos os elementos disponíveis, com destaque para os achados da perícia de local, a causa jurídica da morte foi estabelecida como suicídio. A morte envolvendo CO é essencialmente um diagnóstico necroscópico, baseado na concentração sérica de COHb associada a achados cadavéricos compatíveis. Não há achados macroscópicos específicos desta intoxicação, sendo essencial sua suspeição para o correto diagnóstico, evidenciando a importância da integração dos achados da perícia de local com a investigação necroscópica.


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Copyright (c) 2017 Brazilian Journal of Criminalistics

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Author(s)

  • Leonardo Santos Bordoni,
  • Polyanna Helena Coelho Bordoni,
  • Leonardo Santos Bordoni

    Polícia Civil do Estado de Minas Gerais

    É graduado em Medicina, possui mestrado em Biologia Celular, é Médico Legista do IML de Belo Horizonte e professor de Anatomia, Neuroanatomia e Medicina Legal. Realiza pesquisas nas áreas de Medicina Legal, Deontologia Médica e Anatomia Clínica. (Texto informado pelo autor)


    Polyanna Helena Coelho Bordoni

    Polícia Civil do Estado de Minas Gerais

    Médica formada pela UFMG (2010) e especialista em Medicina do Trabalho pelo Hospital das Clínicas da UFMG (2013). Médica Legista da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (2014) e Médica Perita / Médica do trabalho da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (2013).

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