Suicídio de jovens no Rio Grande do Sul, Brasil, estudo epidemiológico, toxicológico e transversal entre 2017 e 2019


Abstract

O conhecimento acerca do perfil das vítimas jovens de suicídio no estado do Rio Grande do Sul (RS) faz-se necessário para o enfrentamento desse grave problema de saúde pública. Nesse trabalho, foram avaliados todos os laudos periciais e ocorrências policiais relacionados ao suicídio na faixa de 15 a 29 anos ocorridos entre 2017 e 2019 no RS. O estudo foi descritivo e transversal, incluindo análise de correspondência múltipla, modelos de regressão logística (α=0,05) e pesquisa de novas substâncias psicoativas (NSP) em amostras forenses de sangue. Ao total, suicidaram-se 725 jovens no RS, com uma taxa média de 9,5 casos/100 mil habitantes/ano e aumento de 28,7% de 2018 para 2019. A maior frequência de casos foi registrada na região metropolitana de Porto Alegre e as maiores taxas, na região norte do estado. As vítimas jovens mostraram uma razão de chances 3,1 vezes maior de serem da raça parda (versus raça branca); 2,5 vezes maior de o suicídio ocorrer durante a noite (versus turno da manhã); 2,1 vezes maior de apresentarem ausência parental; 1,5 vezes maior de não apresentarem antecedentes criminais; 1,9 vezes maior da presença de substâncias ilícitas e 3,4 vezes maior da ausência de medicamentos. A detecção de etanol ocorreu em 28,4% das amostras analisadas; de medicamentos, em 19,7% e de alguma substância ilícita, em 22,3%. Não houve associação (p=0,394) entre as NSP e os jovens que se suicidaram no RS. Os dados apresentados auxiliam na compreensão desse agravo, direcionando novas pesquisas e subsidiando a elaboração de medidas preventivas.


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