Classificação semiquantitativa de espermatozoides otimiza a genotipagem de backlog de amostras de crimes sexuais


Resumo

A realização de testes genéticos em vestígios de crimes sexuais pode ser feita com ou sem a análise prévia de espermatozoides por microscopia, que permite inferir a quantidade de espermatozoides na amostra. Para amostras com presença de espermatozoides, a extração diferencial é o protocolo recomendado na etapa de lise celular, pois permite isolar o DNA das células espermáticas (DNA do agressor) do DNA das células da vítima, melhorando assim a recuperação do perfil genético do agressor. Neste trabalho analisamos a relação entre uma classificação semiquantitativa de espermatozoides e o DNA masculino quantificado por qPCR (PCR quantitativo) e a qualidade do perfil genético de amostras de crimes sexuais ocorridos no Estado de Goiás (Brasil). Para tanto foram analisados 93 suabes vaginais com presença de espermatozoides após extração diferencial, seguida de quantificação de DNA via qPCR e genotipagem de marcadores microssatélites de uso forense. Não foi observada relação clara entre os três grupos de contagem de espermatozoides e a razão de DNA masculino e feminino (M:F) nas amostras analisadas. Contudo, constatou-se uma tendência de aumento significativo da quantidade de DNA masculino com o aumento do número de espermatozoides. Esse resultado foi seguido da melhora na qualidade do perfil genético das amostras contendo mais DNA masculino. A contagem de espermatozoides pode ser usada para priorizar amostras a serem analisadas em esforços de genotipagem em massa de vestígios de crimes sexuais que aguardam processamento (backlog). Ela aumenta a previsibilidade dos resultados e a taxa de sucesso do exame de DNA.


Palavras-chave

estupro
espermatozoides
STR
PCR em tempo real
genética forense

Referências

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Copyright (c) 2021 Revista Brasileira de Criminalística

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Autor(es)

  • Alexandra Lopes Cândido,
  • Nígela Rodrigues Carvalho,
  • Paulo Bomfim Chaves,
  • Bruno Martinucci,
  • Neide Maria de Oliveira Godinho,
  • Mariana Flavia da Mota,
  • Alexandra Lopes Cândido

    Universidade Federal de Goiás

    Nígela Rodrigues Carvalho

    Laboratório de Biologia e DNA Forense, Instituto de Criminalística Leonardo Rodrigues, Superintendência de Polícia Técnico-Científica, Goiânia (GO)

    Paulo Bomfim Chaves

    Laboratório de Biologia e DNA Forense, Instituto de Criminalística Leonardo Rodrigues, Superintendência de Polícia Técnico-Científica, Goiânia (GO)

    Bruno Martinucci

    Laboratório de Biologia e DNA Forense, Instituto de Criminalística Leonardo Rodrigues, Superintendência de Polícia Técnico-Científica, Goiânia (GO)

    Neide Maria de Oliveira Godinho

    Laboratório de Biologia e DNA Forense, Instituto de Criminalística Leonardo Rodrigues, Superintendência de Polícia Técnico-Científica, Goiânia (GO)

    Mariana Flavia da Mota

    Laboratório de Biologia e DNA Forense, Instituto de Criminalística Leonardo Rodrigues, Superintendência de Polícia Técnico-Científica, Goiânia (GO)