Resumo
As análises de DNA são importantes numa investigação criminal por serem ferramentas muitas vezes decisivas que indicam autoria e materialidade. Entretanto, pela complexidade e múltiplas etapas envolvidas nesse exame, este processo pode estar sujeito a variações nos sistemas de medição que, a depender do grau da variabilidade, pode comprometer os resultados laboratoriais e, consequentemente, a resolução dos casos. Para garantir a confiabilidade de seus serviços, os laboratórios adotam medidas, como a acreditação, como forma de atestar a competência técnica e a qualidade dos resultados dos gerados pelo processamento. A Norma ISO/IEC 17025 é um dos principais padrões internacionais adotados pelos laboratórios forenses, em que, dentre os requisitos básicos, a calibração é um dos itens mais importantes, pois é ela que dá garantias que os instrumentos utilizados funcionem de forma precisa sob parâmetros específicos. Além disso, a seleção de equipamentos críticos a serem calibrados nos laboratórios promove uma melhor eficiência em seus processos, ajudando na melhor alocação de recursos na unidade e na redução de custos necessários para executar esta operação. Por esse pressuposto, o estudo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre conceitos básicos em sistema de gestão da qualidade e metrologia, a fim de formar um embasamento teórico sobre o tema, além da revisão de documentos oficiais versando sobre calibração e equipamentos críticos utilizados na Genética Forense, de forma a subsidiar os laboratórios forenses na tomada de medidas que visem a adequação destes à Norma NBR ISO/IEC 17025. Foi visto que a delimitação de um fluxo laboratorial, elencando os equipamentos utilizados, é uma das primeiras etapas para identificar os itens considerados críticos na realização do exame de DNA. Pela análise de documentos referentes ao sistema de gestão de qualidade em laboratórios de Genética Forense, emitidos por organizações internacionais, foi observado que, dos equipamentos utilizados no processamento de amostras, os itens frequentemente adotados como críticos por estas organizações foram as micropipetas, os sistemas robóticos de extração de DNA, os termocicladores e os analisadores genéticos. Os resultados obtidos com o estudo permitem ajudar os laboratórios forenses brasileiros na elaboração de diretrizes dos requisitos mínimos necessários para a aplicação da calibração nos instrumentos críticos, visto que ainda não existem normativas nacionais específicas que versem sobre esse tema.