Resumo
A entomologia forense, apesar de séculos de sua existência, tem se desenvolvido lentamente no Brasil devido à dedicação de um número de cientistas relativamente baixo quando comparado com outras áreas das ciências forenses. No estado de Minas Gerais, os estudos nessa área praticamente inexistem, necessitando de trabalhos científicos para formar especialistas que possam auxiliar as investigações em crimes que haja encontro de cadáveres em estado de putrefação. Um dos principais objetivos da entomologia forense é a estimativa do intervalo pós-morte mínimo (IPM), permitindo calcular qual o tempo mínimo da morte do cadáver. Nesse contexto, o presente trabalho teve como finalidade analisar a diversidade e sucessão da entomofauna colonizadora em porco doméstico (Sus scrofa), bem como estimar o IPM por meio das larvas coletadas ao longo do experimento. O experimento ocorreu em mata urbana, no período de março a abril de 2017, utilizando uma carcaça de suíno de aproximadamente 3 kg. Durante o período de experimento foi possível verificar cinco fases de decomposição, sendo necessários 20 dias para alcançar a fase de esqueletização. Na classe Insecta a ordem mais abundante foi dos dípteros da família Calliphoridae (n=305), sendo as espécies Chrysomya megacephala (n=103) e Chrysomya putoria (n=78) as mais representativas. Utilizando os métodos grau-dia acumulado (GDA) e período de atividade do inseto (PAI) para estimar o IPM, foi possível calcular com certa exatidão o período em que o porco havia sido morto, demonstrando a aplicabilidade dessa ferramenta para esclarecer tempo de morte em casos de encontro de cadáveres onde os fenômenos cadavéricos não são mais confiáveis para essa finalidade.