Análise de resíduo de tiro coletado de sobrancelha de atirador usando microanálise em microscopia eletrônica de varredura: um estudo de controle de tempo de persistência


Resumo

Neste trabalho coletou-se resíduos nas sobrancelhas do atirador, uma área não convencional de coleta, utilizando suportes de alumínio com fita de carbono para análise da persistência dos resíduos até 8 h após o tiro. Foi utilizada uma espingarda calibre 28 Ga, comumente encontrada e usada na região Sul e Sudeste do Pará. A técnica de microscopia eletrônica de varredura acoplada à espectroscopia de energia em dispersão de raios X (MEV/EDS) demonstrou ser eficiente na confirmação da persistência dos resíduos de tiro (GSR, do inglês - Gunshot Residues) nos intervalos de 2 h, 4 h e 8 h após realização do tiro e posterior coleta nas sobrancelhas de um atirador.  Foram encontradas 16 (dezesseis) partículas características em ambas as sobrancelhas 2 h após a realização do tiro e apenas 1 (uma) partícula na sobrancelha esquerda, tanto 4 h, quanto 8 h após os tiros realizados com a espingarda calibre 28 Ga. O método atual empregado pela Polícia Científica do Estado do Pará, utiliza o reagente de rodizonato de sódio, que não fornece resultados conclusivos, sendo necessário detectar chumbo (Pb), bário (Ba) e antimônio (Sb) combinados em uma única partícula com morfologia esférica/esferoidal ou irregular para confirmar a origem do GSR. Nessa região do estado do Pará, Brasil, há a necessidade da utilização de uma técnica mais robusta para identificar resíduos de tiros de arma de fogo, que atenda às demandas das autoridades policiais e judiciais.  A técnica do MEV-EDS é eficaz, inequívoca, conclusiva para disparo de arma de fogo com a utilização de munição convencional, e pode ser implementada como uma ferramenta auxiliar importante no protocolo forense da região.


Palavras-chave

ASTM E 1588
Shotgun
GSR
SEM/EDS
Eyebrows
ASTM E 1588
Escopeta
GSR
MEV/EDS
Sobrancelhas
ASTM E 1588
Espingarda
GSR
MEV/EDS
Sobrancelhas

Referências

  1. Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Anuário Brasileiro,2022. https://forumseguranca.org.br/wp content/uploads/2022/06/anuario-2022.pdf?v=15.
  2. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Atlas da Violência 2019, Brasília: Rio de Janeiro: São Paulo:, 2019. https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019.
  3. C. Hofstetter, M. Maitre, A. Beavis, C.P. Roux, C. Weyermann, A.-L. Gassner, A study of transfer and prevalence of organic gunshot residues, Forensic Sci. Int. 277 (2017) 241–251.
  4. W. Feeney, C. Vander Pyl, S. Bell, T. Trejos, Trends in composition, collection, persistence, and analysis of IGSR and OGSR: a review, Forensic Chem. 19 (2020) 100250.
  5. E.L.T. dos Reis, J.E. de S. Sarkis, C. Rodrigues, O. Negrini Neto, S. Viebig, Identificação de resíduos de disparos de armas de fogo por meio da técnica de espectrometria de massas de alta resolução com fonte de plasma indutivo, Quim. Nova. 27 (2004) 409–413.
  6. A. Martiny, A.P.C. Campos, M.S. Sader, M.A.L. Pinto, SEM/EDS analysis and characterization of gunshot residues from Brazilian lead-free ammunition, Forensic Sci. Int. 177 (2008) e9–e17.
  7. E. Goudsmits, L.S. Blakey, K. Chana, G.P. Sharples, J.W. Birkett, The analysis of organic and inorganic gunshot residue from a single sample, Forensic Sci. Int. 299 (2019) 168–173.
  8. B.S.D. Martinis, Química Experimental Forense, São Paulo, 2016. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522122783/.
  9. A. Duarte, L.M. Silva, C.T. de Souza, E.M. Stori, L.A.B. Niekraszewicz, L. Amaral, J.F. Dias, Characterization of Brazilian ammunitions and their respective gunshot residues with ion beam techniques, Forensic Chem. 7 (2018) 94–102.
  10. GAROFANO et al., Gunshot residue further studies on particles of environmental and occupational origin. Forensic Science International 103, 1-21, 1999.
  11. ASTM International. Standard guide for gunshot residue analysis by scanning electron microscopy/energy-dispersive spectrometry, ASTM standards, designation E 1588-20. West Conshocken, PA: ASTM International, 2020.
  12. E. Goudsmits, G.P. Sharples, J.W. Birkett, Recent trends in organic gunshot residue analysis, TrAC Trends Anal. Chem. 74 (2015) 46–57.
  13. T. Jalanti, P. Henchoz, A. Gallusser, M.S. Bonfanti, The persistence of gunshot residue on shooters’ hands, Sci. Justice. 39 (1999) 48–52.
  14. W. Romão, N. V Schwab, M.I. Bueno, R. Sparrapan, M.N. Eberlin, A. Martiny, B.D. Sabino, A.O. Maldaner, Química forense: perspectivas sobre novos métodos analíticos aplicados à documentoscopia, balística e drogas de abuso, Quim. Nova. 34 (2011) 1717–1728.
  15. M. Maitre, M. Horder, K.P. Kirkbride, A.-L. Gassner, C. Weyermann, C. Roux, A. Beavis, A forensic investigation on the persistence of organic gunshot residues, Forensic Sci. Int. 292 (2018) 1–10.
  16. Polícia Cientifica do Pará, Laboratório da Superintendência Regional II da Polícia Científica do Pará em Marabá, (2023). https://www.pc.pa.gov.br/delegacias# (accessed July 1, 2023).
  17. Ditrich H. Distribution of gunshot residues--the influence of weapon type. Forensic Sci Int. 2012 Jul 10;220(1-3):85-90. doi: 10.1016/j.forsciint.2012.01.034. Epub 2012 Feb 26. PMID: 22370040.
  18. Chohra, Mustafa & Beladel, Brahim & Ahmed, Lina & Mouzai, Mohammed & Akretche, Djamal & Zeghdaoui, A. & Mansouri, Ammar & Benamar, Mohammed. (2015). Study of gunshot residue by NAA and ESEM/EDX using several kinds of weapon and ammunition. Journal of Radiation Research and Applied Sciences. 27. 10.1016/j.jrras.2015.02.012.
  19. Hallett J, Stolk M, Cook M, Kirkbride KP. Examination of gunshot residue arising from shotgun cartridges containing steel, bismuth or tungsten pellets. Forensic Sci Int. 2020; 306, 110096. doi: 10.1016/j.forsciint.2019.110096. Epub 2019 Nov 29. PMID: 31821942

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2024 Revista Brasileira de Criminalística

Compartilhe

Download

Autor(es)

  • José Augusto Barbosa de Andrade,
  • Renata Carvalho Silva,
  • Wagner Soares de Alencar,
  • Leonardo Brasil Felipe,
  • Fernanda Carla Lima Ferreira,
  • Raiane Sodré de Araújo,
  • José Augusto Barbosa de Andrade

    Programa de Pós-graduação em Ciências Forenses, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Marabá, PA, Brasil

    Renata Carvalho Silva

    Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro, Rio de Janeiro, Brasil

    Wagner Soares de Alencar

    Instituto de Geociências e Engenharias, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Marabá, PA, Brasil

    Leonardo Brasil Felipe

    Programa de Pós-graduação em Ciências Forenses, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Marabá, PA, Brasil

    Fernanda Carla Lima Ferreira

    a Programa de Pós-graduação em Ciências Forenses, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Marabá, PA, Brasil

    Raiane Sodré de Araújo

    Departamento de Física, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil